Alguns fatores contribuem para o RH gerar resultados de forma consistente
Há algum tempo tem-se falado muito sobre o RH gerar resultados. Entretanto, precisamos entender o que exatamente na gestão de pessoas contribui para o resultado da empresa. Quais são as entregas fundamentais que o RH precisa fazer para que seu trabalho seja um produtor de resultado para a empresa e não apenas uma despesa? Para isso, precisamos retomar o que é resultado para as organizações e como os processos de RH devem contribuir para o alcance deste.
Há três possíveis resultados buscados pelas organizações. O resultado para organizações sem fins lucrativos e setor público é a qualidade e velocidade do atendimento ao público. As empresas, por sua vez, buscam dois resultados, lucro ou geração de valor. Anteriormente, as empresas focavam prioritariamente o lucro como medida de resultado. Assim, elas buscavam primeiramente obter lucro, dizendo de forma crua, receita maior do que despesas. Entretanto, nos últimos anos, o formato de gestão e de empresas vem mudando absurdamente e em diversas delas o lucro como resultado tem perdido espaço para a geração de valor. Valor no lugar de lucro implica em colocar como objetivo a elevação do valor da marca, tornando a empresa atrativa para futuras aquisições ou investimentos.
Diversas empresas, especialmente em formato de startups, têm buscado com resultado-chave o crescimento do valor da marca e da empresa, ainda que seja necessário sacrificar o lucro. Quando uma empresa consegue gerar valor e ser vendida, em geral, obtém uma rentabilidade muito maior do que seu lucro produziria. Empresas como a Nubank, Amazon e 99 taxi são grandes exemplos deste novo modelo.
Dito isso, podemos nos perguntar, qual é a contribuição do RH para a geração de lucro e de valor? Há três resultados fundamentais do RH que impactam diretamente o lucro e a geração e valor: desempenho, retenção e saúde/segurança.
Desempenho
Se o objetivo for lucro, os processos do RH só serão eficientes se eles produzirem um incremento de receita, redução de despesas ou, na melhor das hipóteses, os dois. Assim, uma grande entrega do RH é desempenho, que é fazer com que as pessoas sejam capazes de produzir mais com os mesmos recursos ou com menos. Todo o esforço do RH, independentemente de sua estratégia, deve produzir maior desempenho. Se a empresa for focada em gerar valor, o desempenho deve ser direcionado para agrear valor à marca, mais do que em eficiência no consumo dos recursos. Deve-se incentivar a atenção ao cliente, percepção de demandas de mercado e monitoramento da marca.
Retenção
A retenção é um resultado fundamental também, pois impacta diretamente nos custos da empresa, pois quando uma pessoa treinada sai da equipe, perde-se o tempo que foi investido na sua qualificação, além dos custos trabalhistas. A retenção também influencia a manutenção de receita, pois quando perco um funcionário produtivo, quem entra demora um tempo para produzir o mesmo que o anterior produzia, levando a uma diminuição da produtividade. Pensando na geração de valor, a manutenção da pessoa fortalece a marca da empresa, especialmente se for vista como uma marca empregadora. Hoje as empresas que trabalham com foco em gerar valor investem em se posicionarem como marca empregadora, ou seja, uma empresa na qual as pessoas desejam trabalhar.
Saúde e segurança
Quando o RH produz também saúde e segurança, está garantindo uma manutenção da receita e, especialmente, a prevenção de grandes perdas. Além dos impactos legais de um acidente de trabalho, que são altos, ele pode produzir efeitos mais delicados e que geram elevados custos para a empresa, como a perda de produtividade por parte da equipe, rotatividade e tensões nas relações entre as pessoas e no clima de trabalho. Uma equipe saudável também produz mais do que uma equipe que está adoecida, seja por doenças físicas ou psicológicas. Além disso, empresas com muitas ocorrências de acidente ou com altos graus de adoecimento acabam tendo sua imagem desgastada no mercado, reduzindo seu valor. Dessa forma, as práticas de gestão de pessoas devem ser eficientes na promoção e manutenção da saúde e segurança no ambiente de trabalho.
Assim, se você não estiver obtendo estes resultados nas suas práticas de RH, deve revê-las com urgência. Inicie avaliando como é possível medir estas entregas, quais são os indicadores-chave e quais áreas precisam estar integradas ao RH. Veja se há conexão entre o RH e a área financeira da empresa (especialmente nas focadas no lucro) e entre RH e marketing (principalmente nas focadas em gerar valor). Verifique, nesta conexão entre as áreas, se você consegue medir a influência de uma em outra e se há números que evidenciam isso.
Feitas estas primeiras análises e integrações, deve-se avaliar quais são os processos que o RH deve fazer para garantir estas entregas. É importante não ficar limitado aos processos tradicionais e estar aberto a adaptá-los, alterá-los ou mesmo extingui-los. Questione sempre se as atividades e processos que realiza são capazes de produzir estas entregas fundamentais e em qual momento se transformam em lucro ou em valor. Esqueça os achismos e foque em evidências, em números.
Conseguindo fazer esta virada de visão no RH na sua organização, ele se transformará em um processo de alto valor. Se não conseguir realizar a conexão entre RH e geração de lucro ou de valor, é provável que ele se configure apenas como um custo. Se este for o caso, vale a máxima, atribuída a Marcel Telles e Magim Rodrigues, que afirma que custos são como unhas e que de tempos em tempos precisam ser cortados.
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